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quarta-feira, 8 de março de 2017

                         Que tal um cafezinho?


               Fico observando as pessoas: vidas em outras vidas. O vai e vem.
               Elas vão entrando em nossas vidas, vão sentando, vão se servindo. Umas que entram entrando, outras acompanhadas por vínculos já existentes. Gostam de teu sorriso, da tua disponibilidade. E tu permite, tu acolhe, por diversos motivos. Servimos do nosso melhor  carinho, afeto, tempo:  mesa farta. Constantemente vamos abrindo a geladeira e abastecendo essa série de afetividades, deixando a mesa maior,  com um enlace afetivo crescente. O manjar segue cumprindo o seu melhor papel. Elas vão se viciando numa degustação consistente, com os sentidos aguçados, expondo sentimentos, e na medida em que vão degustando ,vão se revelando-se, diluindo, dividindo (... hum, tem talvez um gostinho de limão ou talvez doce de leite  ). Cada aroma, (adoro aromas), cada sabor, nos seus detalhes.
Mas o ápice acontece  quando essas pessoas começam  usufruindo com mais cumplicidade do nosso dia a dia,  traçando planos para outros manjares na mesa farta , caminhando , degustando desde a mousse dos deuses até o cafezinho. Compartilhando desde aquela receita que deu certo até o leite derramado. Batem a nossa porta, já com uma audácia bem vinda,  para dividir um limão, pra que possamos ajudá-las a fazer uma limonada, para que retiremos de nossa geladeira um beijinho, aquele docinho muito conhecido. Elas vem compartilhar também a mesa, daquilo que proveu na sua dispensa,  não só em dias especiais mas cotidianamente.
 Ah! Aquele limão respingou nos olhos e dele fizemos um mousse maravilhoso. Aquele beijinho? Foi repartido. 
               Mas chega o dia em que o mundo mostra outras mesas , com outras iguarias. O fato é que aquela mesa farta não mais atrai , não lhes servem mais e desistem de repartir. Não querem que você compartilhe com elas o sabor do seu doce, pois dessa forma podem sentir se induzidas a repartirem  aquela iguaria nova que encontraram em outra mesa.  Recuam, não querem mais expor seus gostos e desgostos. e numa espécie de egoísmo mascarado e desconfiado ousam o descaso, repúdio, a indiferença..O tempo se foi. Essa mesa não lhes serve mais.
                E eu? Eu  fico olhando elas passarem. e como disse Mario Quintana: Eles passarão e eu passarinho.

                                                                                                                               ZirleiDias